justiça

Telexfree e a injustiça brasileira

count_of_monte_cristo_010No livro “O Conde de Monte Cristo”, de Alexandre Dumas, quando Edmond Dante foi preso no castelo de Château D´If, ele disse pro diretor da prisão: “eu sou inocente. Sei que o senhor já ouviu isso milhões de vezes, mas eu sou inocente”. Prontamente o diretor respondeu: “eu sei, por isso foi trazido pra cá. Se fosse culpado estaria em qualquer outra prisão da França”.

Acho que é isso que acontece com o caso Telexfree. Eles sabem que a empresa é inocente e justamente por isso não querem liberá-la. É triste, mas eles vão protelar ao máximo esse caso, até que os divulgadores que não podem esperar a grana presa pela justiça revoltem-se contra ela e processem a Telexfree para ter seu dinheiro de volta. Foi a maior vagabundagem jurídica que eu já vi. Afirmam ter várias provas que a empresa é pirâmide e solicitam a “inversão do ônus da prova”. Mandaram o processo lá pro Acre, porque se fosse em São Paulo ou Rio, as carreatas de divulgadores seriam gigantescas. E lá no Acre, com o acesso difícil, essas carreatas ficaram difíceis. Agora o julgamento irá à Brasília, sabe Deus quando teremos uma resposta.

Não perdi dinheiro com a Telexfree, pelo contrário. Mesmo sem fazer rede dobrei o meu investimento. Fico triste pelas pessoas que passaram a depender exclusivamente do dinheiro dos anúncios e de suas redes. Famílias que perderam o seu sustento pelo simples fato de uma juíza achar que existem indícios de que as atividades da empresa sejam ilegais. Mesmo indo de encontro aos interesses de mais de 1 milhão de pessoas que pedem a volta da empresa e de suas atividades.

Na minha opinião a Telexfree não volta. Não que ela seja culpada, mas justamente pelo contrário. Por ser lícita e pela Justiça de um estado ter prejudicado tanto a empresa quanto seus divulgadores, eles não irão liberar a empresa tão cedo. Admitir esse erro traria um prejuízo financeiro e moral absurdo aos cofres do Acre.

No portal IG, qualquer informação sobre a empresa vem depois da chamada “Pirâmides:”. Ou seja, não precisa de julgamento para se jogar no lixo o nome de uma empresa, aqui no Brasil.

Continuarei torcendo pela volta da Telexfree. Mas creio que será como torcer pro Santos vencer o Barcelona com o juiz roubando a favor do time catalão.

Agradeço a Telexfree por me apresentar o Marketing Multi Nível. E fico indignado com a justiça brasileira.

Espero que assim como Edmond Dante, possamos ter a nossa vingança contra aqueles que tanto nos prejudicaram e jogaram nossa empresa em Château D’If. E se Deus está conosco, como tanto afirma Carlos Costa, teremos sim a Justiça… mas não creio que seja ainda em 2013…

Uma nação de ódio clamando por vingança

E se os Nardonis fossem soltos? Será que a polícia teria como garantir a segurança dos acusados? Não teria. O crime que chocou a opinião pública nacional é um grande exemplo da força da imprensa no nosso país. Poder tão grande que transformou a indignação do povo brasileiro, ante um crime tão hediondo, em um ódio mortal pelos acusados.
Durante a incrível cobertura do julgamento, em março desse ano, ninguém comentava outra coisa, senão o julgamento. O povo pedia justiça, ou seja, condenação severa para os acusados.  Porém, se eles fossem inocentados, talvez fossem linchados dentro do carro da PM.
Cenas lamentáveis de agressão contra os defensores do casal, contra o pai do acusado e, obviamente, xingamentos contra o casal assassino, viravam furo de reportagem. O julgamento era só um detalhe. Questão de determinar quantos anos mais os réus passarão na cadeia. Duvido que o juiz tivesse coragem de inocentar os réus diante de tanto raiva alimentado pela imprensa.

Antes de me lincharem, preciso dizer que também achava os réus culpados. Não os defendi e nem tive dúvidas que o assassino seria o pai e/ ou a madrasta da menina. Mas é preciso pensar na justiça não como um objeto de vingança fria e pura. De acordo com Mariel Marra, “a justiça tem normas, tem rituais, protocolos, tem fundamentos vinculados a direitos, e quando ela é acionada, ela se defronta com o princípio do contraditório, da legalidade, da fragmentariedade, da humanidade, da culpabilidade, dentre outros que devem ser respeitados. Em que de um lado estão os direitos individuais ou coletivos supostamente violados, e de outro os direitos humanos dos acusados. Nas democracias, essas normas, esses rituais, fundamentos e princípios, expressam a vontade e as escolhas da coletividade”. A vingança, por sua vez, é alimentada pelo ódio e pelo desejo de prejudicar o outro como forma de punição pelos seus crimes ou erros. A justiça depende de processos, onde todos, sem exceção, têm direito a uma ampla defesa. Porém, diante de tanta revolta da população, poucos advogados tiveram coragem de defender esse casal. Os que tiveram, temem por uma retaliação futura e irracional, onde eles poderão perder clientes por terem defendido esse casal de “monstros”.

É preciso entender que esse linchamento midiático do casal, antes mesmo do seu julgamento, serviu apenas para acirrar os sentimentos de ódio de milhões de brasileiros, espectadores de um julgamento, quase Reality-Show, onde todos queriam entrar para assistir. Parecia show da Madonna, com pessoas dormindo na fila, virando noite em frente ao fórum no intuito de participar da condenação dos inimigos públicos nº 1 do Brasil.
O casal de assassinos de criança foi condenado para felicidade geral da nação. Agora, todos voltarão as suas atenções para a final do BBB10 (argh!). Mas, pensemos: a sociedade ganhou o que com tanto ódio pelos condenados? Aprendi uma vez, que o ódio é um veneno que nós bebemos e ficamos na espera que o odiado morra. Esse veneno fica em nós, não neles. Vamos voltar a tomar conta das nossas vidas e deixar que a justiça cuide do Casal Nardoni, agora. Nesse caso, o melhor a fazer não é odiar o assassino, e sim, rezar pela vítima.

No Observatório da Imprensa
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=583FDS005